Sempre me perguntei por que as mulheres apelidam o cara que apresenta comportamentos cafajestes de cachorro. Até onde se sabe, o cão é o melhor amigo do homem, fiel e companheiro. Essa analogia não seria, então, um tanto quanto dicotômica?
Pensando nisso e principalmente depois de um sofrimento profundo com meu animal de estimação, onde tive a certeza que deposito muito do meu amor, carinho e dedicação, naquela vida que não me pertence, comecei a levar esse pensamento mais a sério e passei a observar o comportamento dos homens tidos como cachorros e o comportamento do meu cãozinho.
O primeiro ponto que podia me levar a primeira aceitação desse apelido sarcástico, oriundo de um animal tão dócil é que os dois possuem raças. Meu pequeno quadrúpede tem Pedigree, raça pura de porte médio e descendência chinesa. Observando os bípedes vi que eles também possuem raça: raça ruim. E pior que isso, não possuem descendência, procedência ou o que vocês queiram imaginar, o que é pior. Em sua maioria ainda são considerados vira-latas (soltos na rua, desapegados, cruzam com qualquer uma e dificilmente constituem família).
Com essa primeira analogia, já comecei a ter algum argumento plausível para concordar em algum momento com esse apelido. Mas a pesquisa não podia parar por aí. Eu continuava vendo mais lado positivo do que negativo, para a brincadeira comparativa tão eufêmica.
Tentando uma prova mais forte, passei a chamar meu cachorro pelo nome de um paquerinha que eu estava começando a sair. Toda vez que esse paquerinha me ligava, tentava me comportar com se meu cachorro fosse ele. Acordei os primeiros dias, cheia de amor prá dar. Levantada querendo brincar, fazia um chamego e tentava deixar meu dog sempre por perto. Na minha cabeça, eu ia dar a vida que meu cão pediu a deus. Doce engano... Meu cachorro não gostou do excesso de carinho. Bastava me ver empolgada, para deitar do outro lado da casa e fingir que eu não existia. Um comportamento que podia ser interpretado e muito bem comparado na minha análise.
Rapidamente mudei de estratégia. Se muita atenção era uma forma de distanciar, ao invés de aproximar, vou usar da física quântica e comprovar a lei da ação e reação. Passei a evitar meu cachorro, assim como meu paquerinha. Me comportei como se eles não existissem, embora essa fosse uma tarefa muito difícil, visto que existe um certo afeto envolvido em ambos os lados.
Foi aí que veio a prova final. Quanto mais eu evitada, mas os bichinhos vinham ao meu encontro, balançando o rabo e querendo festa. Botei na minha cabeça que eu não podia me render aqueles apelos e aquelas mensagens e continuei firme e forte na minha jornada. Quase um sonho! Era um tal de latir e ligar, ir atrás de mim aonde eu ia que eu estava literalmente me achando. Até que chegou na constatação que eu não queria acreditar. Nos dois casos, vi que, querendo ou não, meu apego pelos dois aconteceu logo no início, a gente se apaixona fácil e isso é fato! Fazer um joguinho na relação é necessário, mas em dosagens homeopáticas e sem extremismos. Por que meu cachorro, querendo ou não, me obedece e está sobre o meu domínio o tempo inteiro. Mas o paquerinha, se eu der muita corda, quem se enforca sou eu. E nessa de tirar onda e evitá-lo, ele foi balançar o rabo prá primeira cadela que apareceu. QUE CACHORRO!
sexta-feira, 10 de setembro de 2010
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