Quem é que nunca teve um darkside na vida? Trocar de nome para ver o seu Eu Lírico aparecer é a melhor desculpa que já inventaram na vida para justificar nossas bebedeiras e atitudes mais avançadas. Pra quê você precisa dar o seu nome verdadeiro se o cara não vai ligar?! Melhor do que isso é dar o nome e o número errado. A priori, ninguém vai saber a verdade. 90% de chance do tetéio nem se dar ao trabalho de ligar. Tenho certeza que eles ficam enchendo a agenda do celular com nome de mulheres só para tirar sarro com os amigos. E se o cara resolve ligar mesmo, ouvirá uma voz de homem dizendo: “esse telefone não existe”. Não é vingança, mas que tem um gostinho ótimo tem. O problema é que eu inventei de entrar nessa figuração e me deixei envolver tanto que me perdi nas minhas próprias interpretações.
Estava numa festa de camisa colorida, num astral maravilhoso e resolvi ir para a Rave (dentro da mesma festa) por que os boatos eram que só tinha gente bonita. Ao som do “thum thz thum” comecei uma conversa prá lá de nada a ver com um gatinho e só me lembro de dizer sim a tudo, confirmando e achando tudo massa, mas sem nem fazer idéia do que ele estava me perguntado. Lá para meia hora de conversa o cara me pega de jeito e me deixa sem reação. Dali até o final da festa, eu estava de casal, com um cara que eu só sabia o nome. Gostei da experiência, por que afinal, é uma forma de você conhecer melhor a pessoa que você está ficando.
Festa vai, festa vem, encontrei minhas amigas e fiz as devidas apresentações. Que coisa! Fazer apresentação formal de “ficante” nunca esteve nos meus planos... hahahahahahah, mas tudo bem! Já estava na décima latinha mesmo! Fim de festa e fim de ficância. Essa é a atual realidade brasileira.
Uma semana depois, sábado 10h da manhã, toca o meu celular e um cara procurando por Lara. “Quem? O senhor ligou errado”. Meia hora depois, outra ligação: “Oi, Lara?! Tudo bom?”... Não era possível que o cara não tinha entendido que ele ligou errado. Mas por um instante, deixei-me envolver por aquela voz suave e interessante de homem que insistia na ligação. Se eu já tinha o costume de interpretar novas versões de mim nas baladas, por que não aproveitar outro momento inusitado e tirar proveito daquela situação?
“Oi, não é a Lara, mas é Clara. Posso ajudar?”, e numa esperança de ouvir uma risada ou alguma piadinha sarcástica fui surpreendida com um: “Clara??? Clarinha??? Pode ser... é que no barulho da festa devo ter anotado errado. É o Thiago, lembra de mim?”
Como assim???? Era comigo mesmo???? E na sagacidade do momento e na possibilidade de eu ter feito a besteira de dar o número certo, respondi: “Claro Thiago, achei que você não ia ligar mais”. Na verdade eu não fazia idéia de quem era... Ainda mais com esse nome.
Jesus me abana! Dei o número certo. E agora????????????? Agora é segurar na mão de Deus e ir...
Thiago.... Thiago... será que foi ontem? Mas ontem eu não me lembro de ter ficado com ninguém... Thiaguinho, Tico, Ti.... esse nome não me é estranho.... Mas será que ele não me falou algum apelido? Era para eu me lembrar..... CLARO. THIAGO. Lógico! O gatinho da rave. Menina.... o advogado... Como é que podia me esquecer... Jesus Luz! Me ilumina!
Eu: “Oi lindo, como é que eu ia me esquecer de você?”
Ele: “Oi linda, tudo bom, quero te ver hoje, onde você está?”
Eu: “Olha só, estou no trabalho (shopping Center) e devo sair direto para encontrar com umas amigas num barzinho na pituba, quer passar lá mais tarde?”
Ele: “Lógico, estarei lá, princesa.”
...
Vixe! Com essas palavras melosas e falsas quase me arrependo de ter feito um convite. Não sei quem tinha sido pior na melosidade do momento.
Sem atraso algum, T.02 (apelido carinhosamente batizado para comunicação entre as tetéias) me liga no horário marcado e vai ao meu encontro. Uma mesa só de mulheres, todas as minhas amigas reunidas e uma brincadeira à espera da chegada dele:
A ruiva: “se ele for feio, amiga, você vai se identificar?”
A morena: “Sim tetéia, ele te chamou de CLARA, você deu o nome errado foi?”
A loira: “menina... como você vai desfazer isso?”
A indecisa: “kkkkkkkkkkkkkkkk, essa eu quero assistir de camarote”
Eu tinha certeza que ele era bonito. Dele eu lembrava muito bem. O problema seria ele lembrar de mim, ou lembrar da minha cachaça. Mas se ele pegou meu número e ligou, ele pague prá ver!
O tetéio chegou todo lindo e cheiroso e veio direto na minha direção. Fato 01: ele me reconheceu!
Fez fachada com minhas amigas, já entrou na brincadeira e fez questão de ser simpático. Fato 02: ele estava afim de continuar com a gente. Bom sinal, isso provou que ele gostou do que viu!
Como era um barzinho conhecido e na zona rotineira de milhares de outras pessoas conhecidas e do meu convívio, vi metade de salvador chegar no mesmo barzinho, numa tarde de domingo. Não era possível. Queriam que eu pagasse um mico.
Sem tempo de alguém encostar e me chamar pelo nome verdadeiro, virei para o tetéio e falei: precisamos conversar! O menino arregalou os olhos como quem toma um susto e pergunta: “o que foi Clarinha, você tem namorado?”
Uma crise de risos na mesa e eu roxa de vergonha digo:
Eu: “não meu querido, é que eu não sou Clara”.
Ele: “como assim? Mas foi você que conheci na festa”
Eu: “eu sei... eu sou Clara da festa sim, mas é que te disse meu nome errado”
Frações de segundos (já previstos) dois amigos encostam e numa entonação bem evidente me chamam pelo meu nome verdadeiro: TETÉIA!!!!!!!!!!!!! Só fiz olhar com cara de cachorro carente e dar aquele sorriso amarelo confirmando que eu tinha mentido para ele.
Depois dessa experiência, preciso dizer que vou continuar a mudar meu nome em várias situações. Era um tal dele me chamar de Lara, de Clara de tudo que era apelido e me mandar mensagens e fazer jantares românticos, que eu quase me apaixono de novo.
Quer dizer... me apaixonei. Fiquei 3 meses curtindo um falso namoro, com um falso nome, mas com um verdadeiro homem. Uma paixão louca, uma perda de juízo que marcou a minha vida. E como uma novela mexicana, perdi o celular, o número dele e o contato. Nunca mais nos vimos, nem nos encontramos.
Ainda vou comprar pão na esperança de esbarrar com ele na esquina. Vou na praia só para ver se ele sai do mar. Viajo na esperança de encontrá-lo na poltrona ao lado... Durmo na esperança de sonhar com ele, pelo menos para um último encontro. Mas ACORDA ALICE, o país das maravilhas é no desenho animado!
sábado, 21 de agosto de 2010
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