Mulher reclama o tempo todo que homem não dá ibope ou que só quer curtição temporária. O que a gente esquece é que mulher também dá cada mole que só Galvão Bueno para nos superar!
Certa feita, entrei num esquema estilo “Scotland Yard” com um amiga que me colocou na jogada sem ao menos me consultar se eu queria ou mesmo podia... Mas veja bem, amiga que é amiga, até quando entra numa fria, sai com uma quente e acaba acertando, né?! Pois bem. Ela toda certinha, com namoradinho, tudo como manda o figurino. Eu, recém separada, louca para esquecer o bofe, estilo “solteira em salvador” e sem nenhum disk pizza na agenda... Eis que o telefone toca e sem tempo nem de dizer alô, já ouço: “Passe aqui em casa que temos um encontro marcado e é ‘em off’”. Num primeiro momento, ainda muito ingênuo da interpretação, pensei: Novo emprego? Aniversário de alguém que não pode chamar todo mundo? Não, não. Meu ouvido estava bem apurado e não ia deixar passar o “em off” tão despercebido assim. “Em off” sempre é aquele fato que NINGUÉM (vulgo o namorado dela) pode saber.
Segunda de noite, pós-final de semana em crise em casa, sem perspectivas para a semana vindoura, pensei: “Por que não?!” Então logo tratei de responder ok seguido de uma pergunta óbvia: “Sim, mas vamos para onde mesmo, fazer o que, com quem?”. Aí a BOMBA: Um paquerinha meu está nos esperando ‘não sei aonde’ com um amigo, e você vai comigo!
Como assim Bial?! Eu já estava de encontro marcado com um amigo-do-paquerinha que nem sabia que ela tinha?! Vixe Maria! Mas como diz o ditado: ‘quem tem amigo não se governa’, então tive que ir!
Aí a surpresa! O amigo era o cara mais gato que tinha visto nos últimos 5 anos (período em que estive fora do mercado). Logo pensei: alegria de pobre dura pouco. Como é que aquele, quase sósia de Gianecchini, ia me dar bola? Como isso seria possível se eu, uma criatura 100% auto-estima no pé, podia despertar qualquer interesse por parte daquele simpático amigo-do-paquerinha-da-minha-amiga-que-tem-namorado? Gente, é fato! Eu não era o público-alvo dele.
Foi aí que me senti em plena partida de futebol. Bola em jogo... Apresentações feitas, cadeiras estrategicamente montadas e mesa escolhida bem na FRENTE do bar. Uuuu. Primeira falta do jogo. Na frente do bar???? TODO mundo que a gente não espera encontrar num dia como esses a gente iria encontrar. Ainda mais NA FRENTE do bar. Era certo, fato! Mas a capitã logo tratou de sentir frio e solicitar ao garçom uma rápida substituição de mesas. Com a substituição, a defesa abriu espaço e quase acaba com o jogo em menos de 10 minutos no primeiro tempo. Substituição feita fora de hora. As cadeiras foram trocadas e o bandeirinha marcou impedimento (meninas de um lado, meninos do outro).
Bola vai, bola vem e nada de bola dentro. Comecei a achar que era jogo de terceira divisão, não tinha uma jogada para se admirar. Até que o primeiro tempo acaba no zero a zero. Calma! Foi só o primeiro tempo que terminou. Garçom, mais uma cerveja. Copos abastecidos, sorrisinhos e observações começando a surgir e bola rolando no segundo tempo. A torcida se anima e o clima começa a esquentar.
A capitã realmente disse para que veio e o entrosamento do time já começa a ser perceptível. Foi nesse momento, quase nos 45 minutos do segundo tempo que o jogo quase revelou o placar final: Empate! Zero a Zero?
Tempo (aparentemente) esgotado, despedidas devidamente feitas, uma sensação de incompetência no ar... Não era possível que todo aquele esquema ia terminar em nada! Em plena segunda-feira, 22h, deixei de curtir um sono na minha caminha gostosa para dar cobertura a uma amiga e até ela ia sair assim, sem nem um beijinho? Cadê aquele homem todo que marcou o encontro às escondidas e aquela amiga corajosa e decidida que me levou junto???
Nesse momento o anúncio: final de campeonato (observem: eu falei DE campeonato e não DO campeonato). Final de campeonato é sempre grandes emoções e se o jogo não se define no tempo regulamentar, vamos para a prorrogação. Vulgarmente chamada e conhecida “esticadinha”.
- Vamos sair daqui para onde? GOL dos meninos.
- Não sei, não íamos para casa? Bola fora das meninas.
- E vocês acham que vamos dispensar assim, fácil, a companhia de vocês? GOLÁÇO DOS MENINOS. Faz uma placa e que essa vai para o estádio.
Fala sério, eles foram brilhantes, né? E já diria a Legião Urbana: “Quando tudo está perdido, sempre existe uma luz”.
- Opa! Então vocês mandam! As meninas começam a acertar o passe.
- Pode deixar com a gente. Vamos no posto ali rapidinho abastecer e a gente decide. Na trave!
Peraí. Ou eu sou realmente uma tapada de primeira categoria ou ingênua demais para não saber que a DESCULPA do posto era o objetivo deles. Por favor, relevem, cinco anos de namoro deixa a gente meio lenta.
Mal chegamos no posto e eles já estavam lá com as long necks na mão. Eu juro, não queria mais beber uma gota de cerveja! Enquanto me preparava para sair do carro, minha amiga já estava aos beijos com o paquerinha dela. GENTE! Como assim? Juro! Eu realmente estava saindo do carro... Pelo menos fiquei feliz. A garota é louca, mas é titular!
Aquela long neck era a minha salvação. Eu não conhecia “o amigo”, não podia conversar com “a amiga”, tive que beber. Dei um gole enorme e fui ler o rótulo (aff, que coisa sem noção), dei outro longo gole e sorri sem graça com o papo que começava a surgir com o tal do amigo. Minha sensação era que a cerveja estava fazendo um efeito muito rápido. Quanto mais eu bebia, mais o menino se aproximava. Será que era uma ação diretamente proporcional ou eu já tinha trocado futebol por matemática e estava confundindo tudo?
Comecei a conversar mesmo com o gatinho e ele era mais bacana do que eu imaginava. Pense num cara gente fina, com bom papo, inteligente e, além disso, um gato?!
Antes que eu tivesse tempo de pensar em qualquer coisa, o casal já oficial da história, só comentou que estávamos perdendo tempo e que eles podiam servir como espelho... Na tentativa de respirar depois do choque que aquela frase me deu, eu já estava também nos braços daquele homem de 30. Como foi mesmo que aquilo aconteceu?
Em pleno clima bem romântico daquele encontro, me dei conta que já eram quase duas da manhã e que no outro dia eu trabalhava cedo, e a minha responsabilidade que é dona de mim (às vezes até nem queria que fosse) me fez ter um momento de lucidez e decidir que aquele realmente era o momento de ir embora.
Como a noite tinha que terminar de uma forma marcante, na hora do tchau, o fofo olha no fundo do meu olho e diz: “Vai por que quer, né?!”.
terça-feira, 30 de março de 2010
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