quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Meu e dele, meu... dele...

Postado por Téia às 1:39 PM
Caiu como uma luva. Algo totalmente inesperado, com um toque de proibido, mas com uma intensidade dessas de marcar para sempre. A fase da minha vida não poderia ser melhor, eu estava no meu auge de independência e determinação aflorada pela vontade de me reinventar. 

Resisti o quanto pude. Vivi de olhares, de músicas e desejos por longas e intermináveis semanas. Tudo era motivo, pretexto, desculpa para acabar se encontrando... nem que fosse só para dizer “oi”. O fato de estamos no mesmo lugar era suficiente para sentir muita coisa, e essa muita coisa era tudo de bom! 

Depois tentamos nos enganar, nos evitar e nos comportávamos como dois adolescentes negando o que acontecia dentro da gente. Em alguns momentos chegamos até a ser imaturos a ponto de nos “enfrentarmos” com atitudes que repercutiriam em muito ciúme e sentimento de perda, mas que na verdade, foi só um empurrãozinho do destino querendo estampar nos nossos rostos, o quanto precisávamos experimentar daquele sentimento que formigava a alma. 

Continuamos saindo sem compromisso. Passamos a saber mais um do outro, compartilhamos experiências, vontades, sabores, trilhas sonoras, sensações e momentos. Um simples passeio de carro era capaz de mexer com a libido e ir numa festa então, era quase afrodisíaco. Mas não nos tocávamos... continuava proibido! E acho que era exatamente isso que tornava aquela atração mais interessante. 

Me lembro como se fosse hoje no dia que vimos a lua mais bonita de nossas vidas. Cheia, vibrante, iluminada, repleta de significados... Ela precisava de um cenário para complementar tanta beleza , então escolhemos um restaurante maravilhoso e nos deliciamos com conversas, olhares e muita cumplicidade naquela noite. Apenas cumplicidade. 

A vontade era simplesmente de estar juntos. Merecia que o relógio tivesse parado no tempo! Mas foi exatamente naquele dia que algo mexeu de verdade com a gente. Ele me deixou em casa e saí do carro desembestada para não me perder em mim. Vi que ele levou um tempo para seguir caminho também. E naquele dia, tive a melhor noite mal dormida dos últimos anos. Eu descansei ao som dos meus pensamentos... 

No dia seguinte parecia enredo de novela, nada colaborou para a gente se ver. Os horários não coincidiam, o trabalho nos sufocou, as programações entre amigos foram desmarcadas e a coragem de ligar ficou apenas na vontade. Meu coração parecia que ia sair pela boca, mas eu precisava disfarçar esse turbilhão de sentimentos que pulsava em cada fio de cabelo. Não nos vimos... 

Lindo que só, me mandou um e-mail falando nada com coisa nenhuma. Apenas uma forma de manter contato e dizer “estou aqui... não esquece de mim”. Esquecer como??? Impossível. Isso ficou tão evidente que 2 dias depois, quando pudemos enfim nos rever, já não tínhamos mais o que falar... estávamos nervosos, tímidos, trêmulos. Fomos nos aproximando aos poucos, oferecendo um copo de água, um lugar no sofá, um cafuné... 

A energia da pele próxima arrepiava!!!! A respiração ofegante e a batida dos corações nos levou a um longo, delicioso e intenso beijo. Tão inesperado quanto os gritos dos nossos amigos ao verem a cena. Susto? Que nada. Continuamos naquele momento que era nosso, meu e dele, meu... dele... 

Desse dia em diante passamos a nos ver um dia sim e no outro também. Alguns intervalos pequenos entre viagens a trabalho ou visita aos pais, mas sempre com algumas exceções para estarmos juntos. Já não conseguíamos disfarçar muito. Negávamos, mas acho que só a nós mesmos... Aqueles momentos eram nossos, apenas nossos, mas muita gente desconfiava ou procurava saber. 

Curtimos muita coisa boa juntos. Continuávamos indo às festas escondendo o clima de paquera, saíamos para jantar, conversar, ver o sol, o mar, saíamos simplesmente para nos ver. Uma simples chuva ou o frio daquele inverno, era desculpa para dormirmos juntinhos e ficarmos à sós, nos curtindo. 

Foi uma relação muito bacana, muito intensa, muito verdadeira. Muito gostosa de experimentar. Só que eu reencontrei o grande amor da minha vida e não consegui mais ter olhos para a minha nova aventura. Descuidei daquela relação bacana e abri espaço para que ele também se perdesse em um novo caso. Coloquei um ponto final no meio da história e não me permiti mais viver aquela paixão. 

Sofri, muito! Chorei noites e noites, mas eu estava muito certa de que não o queria mais. Uma das decisões mais difíceis que já tomei no quesito relação amorosa. Não me arrependi. Dentre de poucos dias, ele não me merecia mais também! Para ele foi muito mais fácil do que para mim. Homem sabe pegar o sentimento e passar uma borracha, jogar fora e esquecer. Mulher não, guarda prá sempre, numa caixinha de lembranças... 

Voltei a curtir o homem que sempre amei. De uma forma diferente por que moramos em cidades distantes e temos uma agenda totalmente incompatível. Tenho feito de conta que ele não me interessa muito, mas não é verdade. Ele continua sendo a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa nesse momento. 

E dentro de mim, um misto dos dois. As lembranças se confundem e me confundem! 

“Eles se amam. Todo mundo sabe, mas ninguém acredita. Não conseguem ficar juntos. Simples. Complexo. Quase impossível. Ele continua vivendo sua vidinha idealizada e ela continua idealizando sua vidinha. Alguns dizem que isso jamais daria certo. Outros dizem que foram feitos um para o outro. Eles preferem não dizer nada. Preferem meias palavras e milhares de coisas não ditas. Ela quer atitudes, ele quer ela. Todas as noites ela pensa nele, e todas as manhãs ele pensa nela. E assim vão vivendo até quando a vontade de estar com o outro for maior do que os outros. Enquanto o mundo vive lá fora, dentro de cada um tem um pedaço do outro. E mesmo sorrindo por ai, cada um sabe a falta que o outro faz. Nunca mais se viram, nunca mais se tocaram e nunca mais serão os mesmos. É fácil porque os dias passam rápidos demais, é difícil porque o sentimento fica, vai ficando e permanece dentro deles. E todos os dias eles se perguntam o que fazer. E imaginam os abraços, as noites mal dormidas, esquecidas pelo primeiro sorriso do outro. E que no momento certo se reencontrarão e que nada, nada seja por acaso.” (t. bernardi/2011)

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