sexta-feira, 26 de agosto de 2011
Meu tal inquilino.
Lembro-me como se fosse hoje o dia que minha mãe anunciou que ia alugar nosso apartamento. Acabávamos de nos mudar, mas meu refúgio continuava sendo o apê de sempre. Resisti até onde pude até ela dizer que os inquilinos já tinham fechado o contrato. Pura fúria de uma fedêlha de 17 anos... já devem imaginar, não é mesmo?!
Na tentativa de amenizar meu sofrimento, por deixar para trás amigos de infância e minha rotina de chegadas e saídas, ela me conta que vão morar no apartamento alguns adolescentes, um inclusive da minha idade e que eu devia aproveitar para estreitar esse “relacionamento” apresentando os novos moradores do MEU apartamento para a “galera” do prédio.
Por um momento quase enfartei! Para mim não estava em jogo apenas perder meu endereço que todos conheciam, mas sim perder junto com ele minhas referências de amizades, meus “tios” e “tias” emprestados e até as relações com os porteiros e os brothers das barraquinhas vizinhas e ainda ia ter que entregar de mão beijada todas aquelas preciosidades para meros infames desconhecidos? Era demais para a minha cabeça.
Quis distância. Nenhuma relação. Não queria saber de ninguém! Passei meses sem nem querer conhecê-los e como eles não fizeram nenhum contato com alguém no prédio, não tinha como chegar informações deles para mim.
Até o dia que minha mãe inventa de me mandar ir buscar o dinheiro do aluguel na Imobiliária. Fui contrariada e batendo pé. Falar daquele assunto me tirava o eixo. Mas fui. Parecendo que ia comprar pão na esquina. De chinelo, roupa de casa, cabelo amarrado com um lápis e a cara fechada, totalmente emburrada. Quase uma visão do inferno.
Chegando lá a secretária manda aguardar por que os ditos cujos ainda não tinham aparecido com o dinheiro e eu precisava esperar para poder assinar o documento. Tortura, tortura, tortura. Mas lá fiquei e fui me distraindo com as beldades que entravam e saíam daquele lugar. Cada homem engravatado, cheiroso e charmoso que não estava mais arrependida de ter aceitado a missão. Na verdade, já estava quase ligando para minha mãe para dizer que eu ia passar a buscar sempre o dinheiro do aluguel...
Até que surge uma pessoinha, tirando onda, com ar de responsável e cara de 15. E não é que era o meu tal inquilino? Uma graça... Mas eu já tinha comprado uma briga com ele que ele nem imaginava... Coitado! Todo gentil veio se apresentar e aproveitou para puxar papo. Fiquei na corda bamba parecendo uma palhaça. Não sabia se era simpática ou se era fria e calculista. Resolvi optar pela segunda opção, por que o plano era tirar ele em breve do apartamento. Se eu virasse amiguinha, ia derreter meu coração e não mais pensar na idéia de expulsá-los de lá.
Como se eu realmente tivesse a capacidade de mudar o destino. Dentro de 3 meses já passei a encontrar com ele com mais freqüência do que eu encontrava minha mãe em casa. Fui apresentando ele ao pessoal do prédio e ele me apresentado um pouquinho mais dele. Qualquer dúvida que ele tinha, sobre qualquer assunto, ele dava um jeito de me perguntar, e eu sem jeito, comecei a perceber que eu tava fugindo dele.
Eu sei é que esse jogo deu certo. E em plena Copa do Mundo enquanto todos assistiam à Seleção Brasileira no salão de festas, nós nos “encontrávamos às escondidas”. Tudo planejado e despistando aqueles que tentavam desconfiar. Um ar de proibido ao mesmo tempo que estávamos livres para viver aquele romance. Tudo foi ficando muito intenso. Muito sério. Ao ponto de sairmos para jantar, cinema nos finais de semana, festas de amigos.
Me buscar no trabalho todas as sextas-feiras era apenas mais um ritual de “amizade colorida” que levávamos. E como para mim eu não podia assumir que gostava dele, por uma questão de investimento no ativo permanente, fui cozinhando ele em banho-maria.
Dois anos juntos, sem namorar. Até que... Vendemos o apartamento! Eles tiveram que se mudar, optaram por uma viagem internacional, e junto com a mudança ele foi embora. E desde então... só um buquê de flores no dia dos namorados e nunca mais nos vemos...
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
Esquema de paquera Européia
Todos nós sabemos que existem certas estratégias para o jogo da paquera que foram perpetuadas durante anos e anos e já estão tão arraigadas que algumas pessoas a percebem como regra geral. Ou seja, ajuízam a atitude de um indivíduo como sendo de todos. Felizmente, o que podemos observar é que toda regra tem exceção, gosto é que nem braço e cada cabeça é um mundo.
Ditos populares a parte, o que eu quero dizer é que cada um é dono da sua vontade, e sabe quando quer ou não fazer alguma coisa. Porém, a decisão de fazer ou não pode ser influenciada por outros fatores que independem do fato de querer. E deste ponto é que surge a questão que tem tomado a minha atenção ultimamente: A premissa da paquera européia de que, se a mulher beijou alguém é porque, obrigatoriamente, está afim de sexo, já virou tendência no circuito da paquera de Salvador?
Essa dúvida tem permeado a minha cabeça desde o dia que eu ouvi a seguinte afirmativa vinda de um amigo-de-beijo: “Parabéns, você tem um autocontrole admirável”. Tirando o fato de que com certeza essa frase iria para o meu quase concluído livro de 500 páginas “Todo o tipo de pérola que uma mulher solteira é obrigada a escutar”, eu fiquei impressionada, não sei se pela prepotência do indivíduo achar que eu estava freando os meus desejos mais ardentes de estar com ele num momento de mais intimidade, ou se pelo fato de pensar que ele pode achar que é uma regra geral, beijou tá excitada. É claro que esta ultima opção se aplica a algumas pessoas, mas eu, (In) felizmente - ainda não consegui decidir o que é melhor - não sou assim.
De forma geral, as minhas atitudes correspondem a uma decisão tomada a partir dos critérios que eu estabeleço como válidos. Portanto, quando eu digo NÃO, é isso mesmo que eu estou querendo dizer, e não apenas mais uma exibição do meu autocontrole admirável.
Dito isso, é preciso acrescentar que essa situação me causou certa indignação. E como toda indignação precisa de um alvo a quem culpar, eu decidi culpar o esfíncter. Afinal de contas, de quem é a culpa de tudo mesmo? E outra, caso não existisse o cú doce essa questão estaria definida de uma vez por todas. Os meninos param de achar que as meninas querem, quando elas não querem. E as meninas param de fingir que não querem o que elas querem por medo de criar uma má reputação. Quem quer sexo faz, e quem não quer come chocolate. E tenho dito!
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