segunda-feira, 23 de maio de 2011

Crise dos 30

Postado por Téia às 3:02 PM

Balzaquiana é uma expressão que surgiu após a publicação do livro A Mulher de Trinta Anos (1831-32) do francês Honoré de Balzac e que se refere às mulheres na casa dos 30.

Balzac faz uma apologia às mulheres de mais idade que, emocionalmente amadurecidas, podem viver o amor com maior plenitude - em completa oposição a tradicional figura da moça romântica que nos livros tinham no máximo 20 anos. Sua personagem principal, Júlia d`Àiglemont, é o grande retrato da mulher mal casada, que após anos de infelicidade, ao chegar aos 30 consegue encontrar o amor nos braços de outro homem.

E sobre as mulheres que chegam aos 30 sem um amor pleno? Quem se habilita em reescrever essa nova personagem dos tempos modernos?

Como uma pré-balzáquia até concordo que hoje sou muito mais emocionalmente amadurecida do que nos meus vinte e poucos anos. Decidida e seletiva seriam as melhores argumentações para definir essa maturidade de hoje. E em contraponto com a história de referência, não vivi os últimos anos mergulhada numa infelicidade. Pelo contrário, tenho vivido muitas aventuras amorosas extremamente interessantes, diferentes e complementares, como se eu buscasse em cada intervalo algo que nenhum homem ainda me ofereceu. E nessas degustações, tenho feito as distinções do que quero e do que não quero nas minhas relações a dois e isso me torna cada dia mais decidida nas minhas predileções.

Ao mesmo tempo que crio segurança para encontrar um par que atenda ao pré-requisito de relação duradoura, me vejo frustrada de peneirar os candidatos e não sobrar um nessa peneira para contar a minha história. E nessa, caio naquele velho tormento emocional feminino de que, beirando os 30 se ainda vou encontrar o par perfeito.
Casamento? Filhos? Namoro fixo ou moderno? Por mais avançadas que sejam as relações e por mais que eu concorde que é melhor viver só do que mal acompanhada, não espero passar minha vida vivendo de aventuras. Gosto da idéia de ter um companheiro na minha vida. De dividir problemas ou angústia e principalmente multiplicar felicidade. O que adianta ter vários homens bonitos, te fazendo companhia em programações diferentes, se nenhum deles vai voltar para casa com você e dar risada do programa de TV chato que passa sábado a noite?

Tenho feito contas ultimamente e o que gasto nas baladas dos finais de semana, dariam para custear uma viagem para outra cidade uma vez por mês ou uma viagem internacional por ano. Programações muito mais interessantes, diga-se de passagem. Que me trouxesse experiência de vida e de culturas, de lembranças e de aprendizados. Que ficassem registradas entre fatos e fotos no meu baú de memória. E que com certeza me muniria de muito mais histórias à contar.

No entanto, vejo que os homens estão na contra-mão da história. Preferem viver de risadas e chopps e de mulheres de todas as cores, de várias idades, de muitos amores.

Por isso, deixo o meu desabafo a todas as Balzaquianas que, assim como eu, consiga encontrar o amor nos braços de outro homem, depois dos 30.

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