quinta-feira, 10 de junho de 2010

Querida amiga Cacá

Postado por Téia às 1:19 PM
Querida amiga Cacá,

Estou escrevendo, numa tentativa de comunicação telepática, porque me falta coragem de ficar novamente cara a cara com você... Na realidade algumas coisas na nossa relação, que já são bastante delicadas, têm me incomodado mais a cada dia. Eu não estou satisfeita com o fato de você se sentir no direito de interferir na minha vida dessa forma. Simplesmente você chega sem avisar e se instala como visita inoportuna.

Nós nos conhecemos desde que eu era muito jovem, bem na época em que comecei a me entender como gente. E como ainda não te conhecia direito, eu não podia prever que quanto mais estivéssemos juntas, mais influência sobre as minhas decisões você teria.

O pior de tudo é que eu nem sei ao certo quando foi que nos tornamos tão íntimas. Lembro-me apenas de ser uma menina inocente, quando você foi se chegando, como se quisesse se aproveitar da minha inexperiência. Chegou rasteira, silenciosa, trazendo consigo um despertar de sensações e sentimentos.

Eu gostei. Afinal de contas, a sua presença fazia parte de um mundo que era todo novo para mim. A puberdade, a descoberta dos amores, os amores proibidos, o fortalecer das amizades... e olha lá você! Sempre presente.

Mas naquela época tudo era muito doce. A vida não tinha as mesmas preocupações e responsabilidades. Ter você ao lado era como ter um amigo que fumava escondido. Era perigoso, desaconselhado, mais ainda assim excitante.

Fui crescendo, virei moça, e foi aí que o sexo oposto passou a ter uma presença muito mais marcante na minha vida do que antes. Nessa época, eu cheguei a ignorar a sua presença. Estava feliz demais para me lembrar que você existia. Foi quando eu conheci o Sr. Fulano, tão sedutor, atraente, engraçado... E logo vocês criavam uma relação direta. Eu podia sempre contar com o seu colo quando ele não estava perto. E as vezes, mesmo quando fulaninho estava perto, nos conectávamos como que ímãs, atraídas uma a outra sem direito a escolha. Quando percebi, estávamos tão próximas, que o Fulano não teve escolha. Não havia mais espaço para ele ali. E voltamos a ser só eu e você.

Ficamos assim um bom tempo, e apesar de eu achar que você gostava mais de mim quando eu estava solteira. Eu estava muito ocupada para me preocupar com você. Estava no meu primeiro ano de faculdade, conquistando novas amizades, descobrindo que rumo seguir na vida, e você talvez ocupada com as suas novas amizades também. Ia e voltava, mas já não estava tanto comigo quanto antes.

Ai eu conheci Cicrano, e dessa vez reconheci a ameaça que ter você ao meu lado representava para meu namoro com Cicraninho. Eu já tinha muitos amigos, e com ele tão presente, faltava tempo para você, novamente. Isso era tão bom!!!

Depois dele vieram o garoto X, o Y, o Sr. Beltrano, e as características de todos eles me deixavam tão embriagada de novos sabores, que a essa altura do campeonato eu já fazia pouco caso de você, achando que nunca mais voltaria a vê-la. Eram muitas festas, novas pessoas, aliadas a uma sensação de liberdade, da maioridade, da independência. E a minha euforia só acabava quando eu voltava para casa e você estava lá para me esperar. Porque estar com você era uma mistura de sensações que me fazia tão bem enquanto me fazia mal. Porque a sua presença significava para mim, uma dose de solidão, uma dose de melancolia, uma dose de temor de que a nossa separação fosse algo impossível. Mas estar com você também me fazia arrumar mais tempo para o que era meu, para me questionar, para tentar ser melhor como amiga, como filha, como irmã, como mulher, como ser humano.

Pronto. Entrei num mergulho de mim que só você poderia me impulsionar. Só que hoje, quando entrei na minha caixa postal, tinha um e-mail de astrologia que acabei recorrendo e me deparei com a seguinte mensagem:

“Entre os dias 16/05 (Hoje) e 26/05, o planeta Vênus estará entrando em contato de forma harmoniosa com o planeta Mercúrio do seu mapa astral. A qualidade maior deste período envolve um melhor entendimento no que diz respeito à sua vida afetiva. Neste período, você estará mais consciente de coisas que você precisa melhorar para que as suas relações amorosas se tornem mais proveitosas. Talvez você venha a receber conselhos, toques, ou mesmo simplesmente tomar consciência das coisas que precisam ser mudadas...”

Por isso, minha amiga CARÊNCIA (Cacá, de tão íntimas), escrevo aqui o meu adeus, que provavelmente não será definitivo. Mas depois de tantas atitudes erradas, tantas mancadas, tantos aprendizados, realizo que preciso te deixar, pelo menos por enquanto, se eu quiser um companheiro ao meu lado.

Vá em paz.

2 comentários:

Liz* disse...

Adorei o texto! =]
Vou divukgar o blog pra minhas amigas!
beijos

Téia on 11 de julho de 2010 às 13:35 disse...

Olá Liz,

Ficamos lisonjeadas com seu elogio! Passe por aqui sempre que estaremos postando novos textos, risos!

Beijos das Tetéias

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